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Acabou uma relação significativa e dá por si a comer uma colher de gelado, depois outra e de repente acabou o balde de gelado? Sente-se triste e o chocolate já está nas suas mãos? E é só um pedacinho, e depois cortou mal o pedacinho e então vai mais um, “para ficar a linha certa”, mas depois já comeu mais de metade e até fica mal se não acabar. Tem trabalho e mais trabalho pela frente e as bolachas são o que ajudam a ultrapassar este dia e a concentrar-se? Mas depois vem a culpa… e para acabar com a culpa faz muito exercício ou promete que nunca mais come uma tablete ou um balde de gelado inteiro. Mas depois lá vem a discussão com a família e por irritação come este mundo e o outro.
Já ouviu a expressão “comer os seus sentimentos”? É mesmo isso que está a acontecer! A ingestão emocional ou em inglês o emotional eating é uma resposta atípica ao stress e um comportamento aprendido que pode refletir dificuldades em regular as emoções. Quando “come os sentimentos”, sente uma espécie de alivio e conforto face aos problemas, uma falsa sensação de resolução.
O que pode levar à Ingestão Emocional?
Algumas pessoas têm dificuldade em regular suas emoções e podem usar a comida como uma maneira de lidar com sentimentos intensos. Existem diversos fatores que pode levar à ingestão emocional:
Stress: situações stressantes na vida – como problemas no trabalho, relacionamentos ou finanças – podem levar as pessoas a recorrer à comida como uma forma de alívio temporário.
Ansiedade: sentir-se ansioso ou preocupado pode levar algumas pessoas a comer como uma maneira de conforto ou distração para lidar com as emoções desconfortáveis.
Depressão: pessoas que sofrem de depressão podem recorrer à comida como uma forma de tentar melhorar o seu humor ou preencher um vazio emocional.
Solidão e isolamento social: quando as pessoas se sentem sozinhas ou isoladas podem procurar consolo na comida.
Tédio: a falta de atividades estimulantes ou interesse pode levar a recorrer à comida como uma fonte de prazer instantâneo, uma falsa sensação de fome que no fundo é apenas aborrecimento.
Associação emocional: algumas pessoas têm associações emocionais com alimentos específicos, o que pode levá-las a comer esses alimentos em resposta a emoções específicas. Por exemplo, associando o chocolate a momentos mais tristes.
Condicionamento passado: A aprendizagem de padrões de comportamento alimentar desde a infância pode levar ao hábito de recorrer à comida como uma resposta emocional ao longo da vida.
A ingestão emocional perpetua-se no tempo quando as pessoas não conhecem outras estratégias eficazes para lidar e enfrentar as suas emoções.
Consequências
Quem “come os seus sentimentos” acaba por entrar numa relação tóxica e disfuncional com a comida. Esta relação pode trazer diversos problemas – como dificuldade em perder peso, problemas digestivos, obesidade, stress, ansiedade, baixa autoestima, entre outros.
Se acredita que sofre de ingestão emocional é aconselhável procurar ajuda de profissionais de saúde, como nutricionistas ou psicólogos, de forma a desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com as suas emoções.
Alternativas
Nunca é fácil quebrar hábitos enraizados e muito menos sair duma relação tóxica, porém, pouco a pouco é possível mudar e ver resultados. Melhorar a ingestão emocional requer prática e consciência para lidar com as emoções de forma saudável e encontrar alternativas mais adequadas para responder aos sentimentos sem recorrer à comida. A primeira etapa é reconhecer e estar ciente dos padrões de ingestão emocional, identificando os gatilhos que desencadeiam esses comportamentos.
Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar:
Enfrente as emoções: em vez de evitar ou suprimir as emoções desconfortáveis, tente enfrentá-las diretamente. Aprenda a reconhecer e expressar seus sentimentos de maneira saudável, por exemplo conversando com alguém de confiança, escrevendo em um diário ou praticando técnicas como a meditação.
Encontre alternativas: desenvolva uma lista de atividades saudáveis – mas ao mesmo tempo prazerosas – que possa realizar quando sentir a vontade de comer emocionalmente. Pode incluir praticar exercícios físicos, ler um livro, tomar um banho quente ou ouvir música, entre outros.
Alimentação consciente: aprenda a distinguir entre a fome emocional e a fome física. Antes de comer, pergunte-se se está realmente com fome ou se está apenas à procura de conforto emocional. Coma com atenção plena, prestando atenção aos sabores e texturas dos alimentos, e pare de comer quando estiver satisfeito, não apenas quando estiver “cheio”.
Planeie refeições: planear as suas refeições, incluindo os lanches, com antecedência ajuda a garantir que estes são equilibrados e adequados às suas necessidades nutricionais. Isto pode ajudar a evitar comer em resposta a impulsos emocionais.
Evite a restrição extrema: restringir-se de forma excessiva de alimentos de que gosta pode levar a episódios de ingestão emocional. Permita-se desfrutar de alimentos de forma equilibrada e sem culpa.
Procure apoio: se a ingestão emocional está a afetar significativamente a sua vida, considere procurar a ajuda de um profissional de saúde, como um psicólogo ou terapeuta especializado em transtornos alimentares e comportamento emocional.
Melhorar a ingestão emocional requer força de vontade e paciência, mas é perfeitamente executável. Comece por pequenos passos e troque o chocolate por umas cenouras com húmus. Não é tão apetecível, mas faz menos mal.
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