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As redes sociais revolucionaram a forma como nos comunicamos e interagimos com o mundo. Hoje é praticamente impossível encontrar um jovem que não tenha no seu smartphone redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter ou Tik Tok, onde globalmente os jovens passam cerca de 6 horas por dia.
Embora estas plataformas ofereçam inúmeras oportunidades de conexão e partilha de informações, têm também um lado sombrio. A ansiedade associada ao uso excessivo das redes sociais tornou-se uma preocupação crescente entre os jovens.
As redes sociais funcionam como uma “montra virtual” na qual as pessoas partilham – dependendo da rede social – fotografias, pensamentos, experiências com amigos, familiares e até mesmo com desconhecidos. No entanto, essa exposição constante pode levar à ansiedade e à pressão social.
Se isto pode ser verdade também para adultos, os jovens são particularmente suscetíveis a estes efeitos, uma vez que estão numa fase crucial de desenvolvimento da sua personalidade e em busca de sua própria identidade.
Uma das principais causas da ansiedade nas redes sociais é a comparação constante com os outros. Todos os dias, enquanto fazem scroll, os jovens são expostos a imagens de corpos “perfeitos”, vidas bem-sucedidas e momentos felizes de seus pares.
Um estudo da Royal Society for Public Health, do Reino Unido, considerou o Instagram como a plataforma mais prejudicial para a saúde mental dos jovens, devido à pressão para se compararem com os outros e à exposição a conteúdos idealizados.
Essa comparação incessante pode levar a sentimentos de inadequação, baixa autoestima e a ansiedade social. A constante procura por aprovação virtual também pode ser opressora, levando muitos jovens a ficarem obcecados com likes, comentários e seguidores, como se a sua autoestima dependesse disso.
Já ouviu falar de FOMO?
Além disso, a pressão para manter uma presença online constante e impecável pode ser esmagadora. Os jovens muitas vezes sentem a necessidade de partilhar todos os detalhes da sua vida, quase como “se não está online, não aconteceu”.
Isto pode não só criar uma sensação de invasão de privacidade, como leva ao constante medo de ficarem de fora.
O FOMO – Fear of Missing Out – é uma preocupação comum entre os jovens que estão sempre online, nem sempre porque o querem conscientemente, mas por medo de perder eventos, conversas ou oportunidades importantes.
Existe demasiada informação?
A quantidade de informações disponíveis nas redes sociais também pode ser avassaladora. Os jovens são bombardeados com notícias, opiniões e críticas constantes. Esta constante sobrecarga de informações pode ser causadora de stress e ansiedade, e pode também criar dificuldade em filtrar o que é relevante e confiável.
Além disso, a disseminação de conteúdo negativo, como bullying e cyberbullying, pode ter um impacto significativo na saúde mental dos jovens.
É importante ressaltar que nem todos os efeitos das redes sociais são negativos. Elas também podem ser uma poderosa ferramenta de consciencialização, de partilha de experiências positivas ou mesmo de entreajuda. Muitos jovens encontram suporte e solidariedade em comunidades online, encontrando pessoas com interesses semelhantes e compartilhando suas lutas e conquistas.
Como lidar com a ansiedade relacionada às redes sociais?
A consciencialização é fundamental. Os jovens devem ser educados sobre os efeitos negativos do uso excessivo das redes sociais e a importância de estabelecer limites saudáveis. É essencial cultivar a autoestima e a confiança offline, reconhecendo que a vida real nem sempre é representada com precisão nas redes sociais.
Além disso, é importante equilibrar o tempo gasto online com atividades offline. Aumentar o tempo dedicado a hobbies, desporto, interações presenciais e tempo de qualidade com a família e amigos pode ajudar a reduzir a ansiedade e a sensação de isolamento causadas pelas redes sociais.
As redes sociais são uma realidade dos nossos dias e é impossível negar o seu impacto na vida dos jovens. Mas é também fundamental que aprendam a usar essas ferramentas de forma consciente, estabelecendo limites saudáveis e priorizando sua saúde mental.
Alguns passos para reduzir esta ansiedade e ter uma relação mais saudável com as redes sociais:
Estabelecer limites de tempo: defina um limite diário de tempo gasto nas redes sociais e mantenha-se fiel a este.
Desconectar: reserve períodos regulares para se desligar completamente das redes sociais, como desligar as notificações ou até mesmo desativar temporariamente a sua conta.
Selecionar melhor quem seguimos: avalie as pessoas que está a seguir nas redes sociais e considere eliminar ou limitar o contato com pessoas que podem ser causadoras de stress, negativismo ou comparação constante.
Diversificar fontes de informação: procure informações de fontes variadas e confiáveis fora das redes sociais para evitar a sobrecarga de notícias ou informações que podem contribuir para a ansiedade.
E os pais? Como devem agir?
Apesar de a maior parte das redes sociais (Instagram, Snapchat, Twitter, TikTok) exigirem uma idade mínima para a criação de conta – 13 anos – a verdade é que esta regra é facilmente contornável.
É possível vermos nas pessoas à nossa volta que existem crianças de 13 anos, e até menos, que já têm conta em pelo menos uma destas redes sociais. Nestas idades ainda não existe maturidade para compreender a fundo os riscos associados à utilização de redes sociais, sendo fulcral que exista, por parte da família, uma introdução às redes sociais e compromissos sobre o seu uso.
Dicas para uma utilização mais saudável:
A partir de uma certa hora, definida entre ambos, o telemóvel fica ou desligado ou fora do quarto, de forma a garantir as horas de sono necessárias para um ciclo de sono reparador.
Independentemente da rede social, manter a mesma privada.
Alertar para apenas aceitar pessoas que conhece para os seguir.
Oferecer dicas de páginas a seguir, nomeadamente páginas que promovam valores com os quais o jovem possa beneficiar (e.g. páginas de desmistificação do uso do Photoshop; páginas de ativismo jovem).
Visualizar conteúdos de aprendizagem face aos perigos/fraudes que podem existir na internet
Não partilhar palavras-passe e desconectar-se das páginas quando está num equipamento que não o seu telemóvel.
Criar uma relação em que o jovem possa abertamente falar sobre as redes sociais, o que vê e o que quer partilhar, de maneira que a família esteja mais ativa.
Regras em casa para o uso das redes sociais (e.g. não usar o telemóvel durante a hora da refeição ou outras atividades que estejam programadas).
Estas dicas servem de base para negociar e criar um compromisso que vai evoluindo conforme a idade e maturidade do jovem, para que este esteja mais seguro ao usar as redes sociais.
“Não quero que haja acesso a redes sociais, está proibido”
A proibição não dá espaço à conversa e ao tratamento do outro como alguém merecedor da sua liberdade e autonomia. Assim, é melhor haver uma conversa em que ambos percebem o lado um do outro. Perceber as razões pelo qual o jovem quer ter redes sociais e partilhar as razões pelas quais o adulto não quer que o jovem as tenha. Chegar acima de tudo a um compromisso.
É importante na parentalidade não ver negociações e compromissos como derrotas, quando o jovem é a sua própria pessoa e todos os momentos são educativos. Uma negociação de termos, em que deve haver alguns limites claros e inquebráveis e outros que possam ser debatidos, é uma vitória no campo da parentalidade.
As redes sociais têm, como quase tudo, vantagens e desvantagens. Manter um diálogo aberto sobre as mesmas ajuda não só a regular a utilização destas por parte dos mais jovens como a fazer com que estes criem relações saudáveis com as redes sociais, sem que estas causem ansiedade ou outros sentimentos negativos.
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